HP Lovecraft
Traduzido por Arthur
Ferreira Jr.'.
Horrenda além de todo
entendimento, a mudança que ocorrera em meu melhor amigo, Crawford
Tillinghast. Eu não o via desde aquele dia, há dois meses e meio,
quando ele contou-me o rumo que estavam levando suas pesquisas
físicas e metafísicas; quando ele reagiu às minhas objeções
fascinadas e quase assustadas expulsando-me de seu laboratório e
casa, num surto de fúria fanática. Eu soube que ele havia
permanecido a maior parte do tempo trancado em seu laboratório, no
sótão, com aquela amaldiçoada máquina elétrica, comendo pouco, e
evitando até mesmo os criados, mas não pensei que um breve período
de dez semanas pudesse alterar e desfigurar tanto uma criatura
humana. Não é agradável ver um homem robusto de repente emagrecer,
e é ainda pior quando a pele flácida ficou amarelada, ou
acinzentada, os olhos afundados, marcados de olheiras e por um brilho
esquisito, a testa cheia de veias e rugas, e as mãos trêmulas e
agitadas. E para piorar o caso, via-se uma falta de higiene
repelente, uma desordem louca no vestuário, os cabelos escuros
desgrenhados e brancos em suas raízes, e uma barba branca malcuidada
onde antes não haviam sinais do barbear, tudo causando um efeito
cumulativo bastante chocante. Mas era esse o aspecto de Crawford
Tillinghast na noite em que sua mensagem quase incoerente levou-me a
bater em sua porta, após minhas semanas de exílio; era esse o
espectro que tremia ao receber-me, segurando uma vela, espiando
furtivamente por sobre o ombro, como se temeroso de coisas ocultas em
sua antiga e solitária casa no topo da Rua Benevolent.
Era um equívoco,
Crawford Tillinghast jamais deveria ter estudado ciência e
filosofia. Estas coisas devem ser deixadas para o investigador frio e
impessoal, pois oferecem duas alternativas trágicas ao homem de
sentimentos e ação; o desespero, se falhar em suas buscas, e
terrores incomunicáveis e inimagináveis, caso tenha sucesso.
Tillinghast havia antes sido presa do fracasso, solitário e
melancólico; mas agora eu percebia, sentindo por dentro um medo
nauseante, que ele era presa do sucesso. De fato, eu o havia
advertido dez semana s antes, quando ele havia chegado, afobado com o
relato do que achava estar próximo de descobrir. Estava então
corado e empolgado, falando num tom alto e incomum, embora como
sempre pedante.
“O
que é que sabemos,” disse ele então, “do mundo e do universo ao
nosso redor? Nossos meios de receber impressões são absurdamente
escassos, e nossas noções dos objetos que nos cercam são
infinitamente estreitas. Enxergamos as coisas apenas de acordo a como
somos construídos para enxergá-las, e não conseguimos ideia alguma
de sua natureza absoluta. Com cinco débeis sentidos, pretendemos
compreender o cosmos, que é infinitamente complexo, porém outros
seres, dotados de sentidos mais amplos, mais fortes, ou de uma gama
diferente de sentidos, podem não apenas perceber as coisas de
maneira bastante diferente da que percebemos, como podem perceber e
estudar mundos inteiros de matéria, energia e vida que estão a
nosso alcance mas que nunca podem ser detectados com os sentidos que
temos. Sempre acreditei que esses mundos estranhos e inacessíveis
estejam diante dos nossos narizes, e
agora acredito ter encontrado uma maneira de romper as barreiras.
Não estou brincando. Dentro de vinte e quatro horas, aquela máquina
próxima à mesa vai gerar ondas, agindo sobre órgãos sensoriais
não reconhecidos, que existem dentro de nós atrofiados, ou como
vestígios rudimentares. Essas ondas abrirão a nós muitos
vislumbres desconhecidos ao homem, e alguns desconhecidos de qualquer
coisa que consideramos como vida orgânica. Enxergaremos aquilo que
faz os cães uivarem na noite, e aquilo que faz os gatos levantarem
as orelhas após a meia-noite. Enxergaremos essas coisas, e mais
outras coisas que nenhuma criatura que respira jamais conseguiu ver.
Saltaremos sobre o tempo, espaço, e outras dimensões, e sem que
seja preciso o movimento físico, espiaremos os alicerces da
criação.”
Quando Tillinghast disse
essas coisas, fiz objeções, pois eu o conhecia bem demais, de modo
que senti mais medo do que achei graça; mas ele estava fanático e
expulsou-me da casa. Agora ele não era menos fanático, mas seu
desejo de falar conquistara seu ressentimento, e fez exigências numa
caligrafia que eu mal conseguia reconhecer. Ao entrar no lar de meu
amigo, tão subitamente metamorfoseado numa gárgula trêmula, fui
infectado pelo terror que parecia espreitar de todas as sombras. As
palavras e crenças expressas dez semanas atrás pareciam vazar da
escuridão além do pequeno círculo de luz de vela, e fiquei
incomodado com a voz exausta e alterada de meu anfitrião. Pensava
ver os criados ali, e não gostei quando ele me disse que haviam
todos saído três dias antes. Parecia estranho, pelo menos, que o
velho Gregory abandonaria seu mestre, sem pelo menos avisar um amigo
próximo como eu. Fora ele mesmo que informara-me de tudo que eu
sabia de Tillinghast, depois de eu ter sido expulso com tanta fúria.
Mesmo assim, logo pus de
lado todos os meus medos em prol de minha crescente curiosidade e
fascinação. Eu podia apenas cogitar exatamente o quê Crawford
Tillinghast desejava, mas ele tinha algum segredo ou descoberta
espantosa para compartilhar, sem dúvida. Antes, eu havia protestado
contra suas observações antinaturais de coisas impensáveis; agora
que ele havia, evidentemente, tido algum grau de êxito, eu quase
compartilhava de seu entusiasmo, por mais terrível que parecesse o
custo da vitória. Subindo pela desolação sombria da casa, segui a
vela vacilante na mão daquela paródia trêmula de homem. A
eletricidade parecia ter sido desligada, e quando perguntei a meu
guia sobre isso, ele disse que havia uma razão definida para tanto.
“Seria demais... eu
não ousaria,” ele continuou a resmungar. Notei especialmente o
novo hábito de resmungos, pois não era coisa de Tillinghast falar
sozinho. Entramos no laboratório do sótão, e percebi a detestável
máquina elétrica, brilhando com uma luminosidade violeta doentia e
sinistra. Estava conectada a uma bateria química poderosa, mas
parecia não estar recebendo corrente; pois lembrei que em seu
estágio experimental, ela crepitava e bramia quando ligada.
Respondendo a minha pergunta, Tillinghast resmungou que aquele brilho
permanente não era elétrico, não de alguma forma que eu pudesse
compreender.
Ele fez-me sentar do
lado da máquina, de modo que esta ficasse à minha direita, e ligou
um interruptor em algum lugar logo abaixo do aglomerado superior de
bulbos de vidro. Começou o crepitar de costume, que passou a ser
apenas um chiado, e terminou como um zumbido tão leve que sugeria o
retorno ao silêncio. Enquanto isso, a luminosidade aumentou, mais
uma vez diminuiu, e então assumiu uma coloração pálida e
esquisita, que eu não conseguiria classificar nem descrever.
Tillinghast me observava, e notou minha expressão confusa.
“Sabe
o que é isto?” sussurrou, “Isto
é ultravioleta.”
Ele reagiu à minha surpresa com um estranho risinho. “Você
pensava que ultravioleta era invisível, e de fato é – mas você
pode enxergá-lo, e outras coisas invisíveis, agora.”
“Preste
atenção! As ondas dessa coisa estão despertando em nós milhares
de sentidos adormecidos; sentidos que herdamos durante eras de
evolução, do estado de életrons livres para o estado de humanidade
orgânica. Eu enxerguei a verdade,
e tenciono mostrá-la para você. Você consegue imaginar como é
essa verdade? Vou explicar.” Aqui Tillinghast sentou-se diretamente
oposto a mim, soprou a chama da vela e fitou meus olhos de maneira
horrível. “Seus órgãos sensorais existentes – primeiro os
ouvidos, creio eu – receberão muitas das impressões, pois estão
intimamente conectados com os órgãos dormentes. E então virão os
outros. Já ouviu falar da glândula pineal? Rio-me dos rasos
endocrinologistas, tão iludidos e superestimados quanto os
psicanalistas freudianos. Essa glândula é o principal órgão
sensorial – assim
descobri.
No fim das contas, é similar à visão, e transmite imagens visuais
ao cérebro. Se você é normal, é esta a forma com que apreenderá
a maior parte... quero dizer, a maior parte das evidências do
além.”
Meus
olhos correram pelo imenso aposento do sótão, com sua parede sul
inclinada, tenuamente iluminado por raios que o olho cotidiano não
consegue enxergar. Os cantos mais distantes estavam cheios de
sombras, e o lugar inteiro assumiu uma vaga irrealidade, que
obscureceu sua natureza, e convidava a imaginação ao simbolismo e à
fantasia. Durante o intervalo em que Tillinghast permaneceu calado,
imaginei-me estar em algum vasto e incrível templo de deuses há
muito mortos; algum vago edifício de inúmeras colunas de pedra
negra, saindo do chão de lajes úmidas para juntar-se a um topo
nebuloso, além do alcance de minha visão. A imagem por um tempo
ficou bastante vívida, porém pouco a pouco, deu lugar a uma
concepção mais horrenda; a concepção da solidão total e absoluta
no espaço cego, mudo e infinito. Parecia haver um vácuo e nada mais
que isso, e senti um medo infantil, que levou-me a buscar no bolso o
revólver que eu carregava nas horas noturnas, desde que havia sido
assaltado no leste de Providence. E então, das mais longínquas
regiões remotas, o som
suavemente
boiou e fez-se existente. Era infinitamente tênue, sutilmente
vibrante, e sem sombra de dúvida musical, mas tinha um aspecto de
instabilidade exagerada que fazia com seu impacto sentisse como uma
delicada tortura em todo o meu corpo. Senti sensações como aquelas
que se sente quando se pisa em vidro no chão, por acidente.
Simultaneamente, surgiu algo como uma corrente de ar frio, que
parecia passar por mim, vinda da direção do som distante. Esperando
sem fôlego, percebi que tanto o som quanto o vento aumentavam; e o
efeito dava-me a bizarra impressão de estar preso aos trilhos no
caminho de uma gigantesca locomotiva, que chegava cada vez mais
perto. Comecei a falar com Tillinghast, e ao fazê-lo, todas as
impressões incomuns desapareceram abruptamente. Eu enxergava apenas
o homem, a máquina brilhante, e o apartamento em sombras.
Tillinghast sorria repelente, notando o revólver que eu havia quase
inconscientemente sacado, mas por sua expressão, eu tinha certeza de
que ele havia visto e ouvido tanto quanto eu, se não muito mais.
Sussurrei o que eu havia experienciado, e ele ordenou-me que
permanecesse tão quieto e receptivo quanto possível.
“Não
se mexa,” avisou, “pois sob estes raios, podemos
tanto ser vistos quanto ver.
Eu te disse que os criados foram embora, mas não disse como.
Foi culpa daquela governanta de cabeça dura – ela ligou as luzes
lá embaixo, depois de eu ter alertado que não o fizesse, e os fios
pegaram vibrações simpáticas. Deve ter sido aterrador – pude
ouvir os gritos aqui em cima, apesar de tudo que estava vendo e
ouvindo de outra direção, e mais tarde, foi bastante desagradável
encontrar aquelas pilhas de roupas vazias, largadas pela casa. As
roupas da sra. Updike estavam próximas do interruptor do salão
principal – é por isso que sei o que ela fez. A coisa pegou todos
eles. Mas conquanto permaneçamos imóveis, estaremos perfeitamente
seguros. Lembre-se, estamos lidando com um mundo horroroso, no qual
estamos praticamente indefesos... fique
quieto!”
A
combinação do choque da revelação com o comando abrupto causou-me
uma espécie de paralisia, e aterrorizada, minha mente mais uma vez
abriu-se às impressões vindas do que Tillinghast chamava “além.”
Estava agora num vórtice de som e movimento, de imagens confusas
diante de meus olhos. Enxergava os contornos borrados do aposento,
mas em algum ponto do espaço, parecia brotar uma coluna efervescente
de formas ou nuvens irreconhecíveis, penetrando o telhado sólido em
algum ponto adiante, à minha direita. Notei então mais uma vez o
efeito do templo, mas desta vez, os pilares alcançavam um oceano
aéreo de luz, que lançava para baixo um raio cegante sobre o
caminho da coluna nebulosa que eu enxergara antes. Depois disso, a
cena ficou quase totalmente caleidoscópica, e na mistura de visões,
sons, e impressões sensoriais não identificadas, sentia como se
fosse dissolver, ou de alguma forma, perder a forma sólida. Tive uma
visão definida, que lembrarei para sempre. Por um instante, pareci
contemplar um trecho de um estranho céu noturno, cheio de esferas
luminosas e girantes, e enquanto esse trecho afastava-se de mim,
notei que os sóis brilhantes formavam uma constelação, ou galáxia,
de formato definido; e esse formato era o do rosto distorcido de
Crawford Tillinghast. Em outro momento, senti enormes coisas animadas
roçando em mim, e às vezes passando
ou vagando pelo meu corpo supostamente sólido,
e pensei notar Tillinghast fitando-as como se seus sentidos melhor
treinados pudessem percebê-las visualmente. Lembrei o que ele havia
dito sobre a glândula pineal, e imaginei o que ele podia enxergar
com esse olho sobrenatural.
De
súbito, eu mesmo fui dotado de uma espécie de visão aprimorada.
Acima e além do caos luminoso e sombrio, surgiu uma imagem que,
embora vaga, possuía os elementos da consistência e da permanência.
De fato era algo familiar, pois a parte incomum era sobreposta à
cena terrestre comum, de forma bastante similar à projeção de
cinema, que pode ser lançada sobre a cortina escura. Eu enxergava o
laboratório no sótão, a máquina elétrica, e a forma desagradável
de Tillinghast diante de mim; mas em todo o espaço não ocupado por
objetos familiares, nenhuma partícula estava vazia. Formas
indescritíveis, tanto vivas quanto inanimadas, mesclavam-se numa
desordem nauseante, e próximo a cada coisa conhecida, haviam mundos
inteiros de entidades alienígenas e desconhecidas. Da mesma forma,
parecia que todas as coisas conhecidas entravam na composição de
outras coisas desconhecidas, e vice-versa. Mais notáveis entre os
objetos vivos, percebiam-se monstruosidades, similares a águas-vivas
e feitas de negrume, que agitavam-se flácidas, em harmonia com as
vibrações da máquina. Estavam presentes numa profusão repugnante,
e para meu horror, percebi que elas sobrepunham-se;
que eram semifluidas e capazes de passar umas por dentro das outras,
e pelas coisas que pensamos ser sólidas. Aquelas coisas nunca
paravam, mas pareciam sempre flutuar com algum propósito maligno. Às
vezes, pareciam devorar umas às outras, o atacante lançando-se
contra sua vítima e instantaneamente obliterando-a de vista.
Sentindo calafrios, percebi o que devia haver obliterado os infelizes
criados, e não pude excluir esse pensamento da mente, enquanto
lutava para observar outras propriedades do mundo invisível ao nosso
redor, e que agora estava visível diante de mim. Porém Tillinghast
estava me vigiando, e começou a falar.
“Consegue
enxergá-las? Consegue enxergá-las? Enxergou as coisas que flutuam e
agitam-se ao seu redor e através de você, em todos os momentos de
sua vida? Consegue enxergar as criaturas que formam o que os homens
chamam de ar puro e de céu azul? Não consegui quebrar as barreiras;
não mostrei a você mundos que nenhum outro homem vivo jamais viu?”
Ouvia seu grito através daquele caos horrível, e vi seu rosto
selvagem aproximar-se ofensivo. Seus olhos eram poços de chamas, e
fitavam-ne com o que eu agora percebia ser um ódio intenso. A
máquina zumbia de maneira detestável.
“Você
acha que essas coisas trêmulas eliminaram os criados? Idiota, são
inofensivas! Mas os criados desapareceram, não foi? Você tentou me
impedir; desencorajou-me quando eu precisava de cada gota de
encorajamento que pudesse conseguir; você estava com medo da verdade
cósmica, seu maldito covarde, mas agora eu te peguei! O que
aniquilou os criados? O que os fez gritar tão alto?... Não sabe,
hein! Mas vai saber logo, logo. Olhe para mim – preste atenção ao
que estou dizendo – você realmente supõe que existam coisas como
tempo e magnitude? Imagina existir coisas como forma, ou matéria?
Pois eu lhe digo, eu atingi profundezas que seu cerebrozinho não
conseguiria conceber. Eu enxerguei além dos limites da infinitude e
arrastei demônios das estrelas... eu canalizei as sombras que vagam
de mundo em mundo, semeando morte e loucura... o espaço a mim
pertence, está ouvindo? Coisas estão me caçando agora – as
coisas que devoram e dissolvem – mas eu sei como ludibriá-las. É
você que elas pegarão, como pegaram os criados... Está agitado,
senhor? Eu disse que era perigoso se mexer, eu o salvei até agora,
dizendo que ficasse parado – salvei-o para ver mais coisas, e ouvir
minhas palavras. Se você tivesse se mexido, elas o teriam pego bem
antes. Não se preocupe, elas não vão machucar
você.
Elas não machucaram os criados – foi enxergá-las
que
fez os pobres diabos berrarem tanto. Meus bichinhos não são
bonitos, pois vêm de lugares onde os padrões estéticos são –
bem
diferentes.
A desintegração é um processo indolor, asseguro a você – mas
eu quero que você as veja.
Eu quase as vi, mas soube quando parar. Está curioso? Eu sempre
soube que você não era um cientista de verdade. Tremendo, hein.
Tremendo de ansiedade para ver as coisas mais ocultas que eu
descobri. Por que não se move, então? Está cansado? Bem, não se
preocupe, meu amigo, pois
elas estão vindo... Olhe,
olhe, mas que diabo, olhe... estão logo acima de seu ombro
esquerdo...”
O
resto do que há para ser dito é bastante breve, e você já pode
saber por ter lido nos jornais. A polícia ouviu um tiro na velha
casa Tillinghast, e nos encontrou ali – Tillinghast morto, e eu
inconsciente. Eles prenderam-me, porque o revólver estava em minha
mão, mas libertaram-me três horas depois, pois descobriram que
Tillinghast havia morrido de apoplexia, e perceberam que meu tiro
havia sido contra a nociva máquina, que agora está estilhaçada
para sempre no chão do laboratório. Eu não contei muito do que vi,
pois temi que o legista ficasse cético; mas ouvindo o resumo evasivo
que dei, o médico avaliou que eu havia, sem dúvida, sido
hipnotizado pelo louco vingativo e homicida. Gostaria de acreditar
nesse médico. Ajudaria meus nervos abalados se eu pudesse não
considerar mais o que agora penso do ar e do céu ao meu redor e
sobre mim. Nunca mais senti-me sozinho ou confortável, e uma
horrenda sensação de perseguição às vezes me toma como um
calafrio, quando estou cansado. O que me impede de acreditar no
médico é um fato muito simples – a polícia nunca encontrou os
corpos daqueles criados que dizem que Crawford Tillinghast
assassinou.
Escrito
em 1920 e originalmente publicado com o título em inglês de From
Beyond,
em 1934 na Fantasy
Fan.
Traduzido
para o português em setembro de 2012.